quinta-feira


     é no gelo que queima que mais sinto frio…




      vem em meu auxílio,

asila-me no teu peito,

não me deixes petrificar.




sexta-feira



num toque, como num sopro, 
sinto-te, a correr em mim.




“Tira-me a luz dos olhos: continuarei a ver-te
Tapa-me os ouvidos: continuarei a ouvir-te
E embora sem pés caminharei para ti
E já sem boca poderei ainda convocar-te
Arranca-me os braços: continuarei abraçando-te
com o meu coração como com a mão
Arranca-me o coração: ficará o cérebro,
E se o cérebro me incendiares também por fim,
Hei-de então levar-te no meu sangue.”

-Rainer Maria Pilke-



não é o tempo lá fora que está confuso e desordenado.
não são as árvores que estão nuas e frágeis.
não são as ruas que estão vazias.
a tempestade não é lá fora.
é no coração.

no lado esquerdo do meu peito,
o vento sopra forte e desgovernado,
originando um tornado de sentires desafogados.